“Ah, são adotivos?” Sempre perguntam… São nossos filhos e pronto! Thais

Por Thais Doretto
28 de junho de 2016

“Sempre quis adotar, desde adolescente sentia que esse era meu caminho, como se Deus já tivesse me avisado. Casei e o desejo continuava, mas meu marido gostaria de tentar um biológico antes. Ok, poderíamos adotar depois. Eu engravidei mas perdi o bebê bem no comecinho. Então por algum tempo ficamos, eu e meu marido, estudando a questão da adoção, mais ele do que eu (risos).
Enfim decidimos entrar com os papéis.
Um ou dois meses depois minha cunhada foi convidada por uma amiga para fazer um trabalho voluntário com crianças carentes. Acabando o trabalho ela veio na minha casa e disse que tinha conhecido um menino que poderia ser meu filho. Fiquei emocionalmente enlouquecida para conhecê-lo. Porém não havia como, pois eu estava na fila e só me restava esperar. Sabia o nome dele e que ele tinha um irmão mais novo. Até tentei mais informações, mas as crianças que estão para adoção são protegidas pelo estado e é super difícil ter acesso, pelo menos aqui na minha cidade. Consegui descobrir os nomes, idades e que eles iriam voltar para a família. Mas não conheci nem por foto. Seus rostos eram em branco para mim, e então mais uma vez me apegava a Deus para que tudo se ajeitasse da melhor maneira possível para todos. Se não eram eles não era para ser e pronto. Deus ia me mandar meus filhos, tinha certeza disso.
Oito meses depois fizemos o curso e todas as etapas para que pudéssemos então entrar na fila de espera. Nosso perfil era de 3 a 8 anos, pois temos 5 sobrinhos nessa faixa de idade, e assim nos sentíamos confortáveis. Não importava sexo, cor e aceitávamos irmãos.  Sempre pensava, meu Deus essas essas crianças já foram tiradas de seus genitores, mais uma separação com os irmãos era demais a dor. Acreditava também que se viessem dois eles se sentiriam mais seguros, pelo menos um com o outro, metade da família já estaria em união, assim como eu e meu marido já estávamos unidos, e tudo poderia ficar mais fácil.
Na última entrevista com a assistente social, ela deixou escapar que achava que nosso processo seria rápido. Uma semana depois ela me liga dizendo que queria me mostrar duas crianças.  Explosão de felicidade !!! 9 MESES DE ESPERA durou minha gestação!
Chegando no fórum ela começou a contar a história deles, e quando ela disse os nomes e as idades a gente quase caiu da cadeira, para nossa surpresa eram os meninos que minha cunhada tinha conhecido! Impossível acreditar em simples coincidência !! Eram eles, Deus tinha me mandado meus filhos! Minha cunhada nem acreditava! Pensa na possibilidade disso acontecer. Ninguém do fórum e nem do abrigo e nem de lugar nenhum sabia do nosso precoce interesse por eles. Só eu, meu marido e minha cunhada!! Hoje ela é madrinha do mais velho, não poderia ser diferente não é mesmo?! Estamos com eles há dois anos, mas todo mundo pensa que é há muito mais tempo.
“Ah, são adotivos?” Sempre perguntam… Não entendo que diferença a palavra “adotivo” faz. São nossos filhos e pronto!image2
Foram muitas, mas muitas mesmo, dificuldade de adaptação com eles. Nos primeiros meses cheguei a achar algumas vezes que não daria certo, que eu não ia conseguir. Mas sempre me lembrava da tal “coincidência” e aos poucos Deus ia acalmando meu coração. Mas acho que isso já é uma outra história… É isso, Luciane. Foi um prazer contar minha história um pouco grande… Risos… Gosto muito de falar da minha experiência, é difícil parar de escrever até. Mas acho que está bom por aqui.
Grande abraço.”
Thais Doretto
Fonte: http://psicologiaeadocao.blogspot.com.br/2016/06/depoimento-ah-sao-adotivos-sempre.html

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Diogenes Duarte

Jornalista - DRT 986/MS - Servidor do Poder Judiciário do MS - Membro do Grupo AFAGAS.