E agora Maria e agora José? Existe vida pós acolhimento?

Muito tem se falado acerca da mudança de comportamento dos pais adotantes em relação às características desejadas da criança que se procura adotar, especialmente no que concerne à idade. Mas, infelizmente, esta mudança acontece em velocidade diametralmente contrária ao crescimento da população abrigada que chega à “maioridade” em abrigos judiciais e orfanatos.

A grande maioria chega a vida adulta, carregado de sua história de rejeição, devoluções, desamor, infelizmente.

No ENAPA 2016, em Caxias do Sul, tivemos a oportunidade de ouvir a fala de KILE BATEMAN – Fundador e coordenador da Phased In*. Um programa de acolhimento temporário e de empoderamento para a emancipação de jovens que completam 18 anos em situação de institucionalização no Texas, que explicou exatamente como a situação destes jovens o machucava até que conseguiram dar um passo além. 

No Brasil, até por conta de minha parca experiência no assunto, desconheço programa semelhante e, caso exista, gostaria muito de conhecer. Sei de entidades que acolhem jovens, mas são jovens que passaram por abrigos ou orfanatos? São jovens que vieram em busca de uma nova família e a única que conheceram, efetivamente, foi a que existia nestas instituições? Existe alguma instituição em relação direta com os abrigos judiciais por exemplo?

Aguardo respostas…

Contudo, hoje pela manhã me deparei com essa postagem da Dr. Katy Braun que gostaria de compartilhar para que pudéssemos, em sociedade, pensar um instante no que pode ser feito em relação a essa realidade.

“Hoje recebi a visita não agendada de uma jovem que completou 18 anos na instituição de acolhimento. Ela vai ser desligada e terá que enfrentar a vida sozinha. Já é plenamente capaz, diz a lei. Não há república juvenil para ela. Que bom que a casa lar fez um ótimo trabalho. Ela está estudando, trabalhando e tem renda para pagar um pensionato.

O que mais me chamou a atenção foi o fato de ela ter vindo agradecer porque a acolhemos e não desistimos dela. Fugiu três vezes, mas, por fim, compreendeu que a estabilidade do acolhimento era melhor do que transitar em casas de pessoas que a mal tratavam e rejeitavam. Que mulher linda ela se tornou.

Vai ser feliz menina! E é claro, eu aceito ser madrinha do seu casamento. Que Deus te encaminhe alguém especial que te ame e respeite como você merece.”

*O que é o projeto Phased IN?

É um programa de vida de transição para o jovem não adotado emancipado. O objetivo da Phased IN é ajudar estes jovens adultos na aprendizagem de habilidades básicas para a vida preaprando-os para uma vida independente.

Phased IN irá fornecer habitação, educação, cuidados médicos e treinamento de habilidades para a vida através de um programa de 18 meses. Com a parceria combinada da igreja, a comunidade e o Estado do Texas, Phased IN vai abraçar esses jovens que nunca foram adotados para garantir que estes jovens adultos alcancem a auto-suficiência e estabilidade. Finalmente, Phased IN irá fornecer o mais vital e inexistente na dinâmica das vidas destes jovens adultos – Família.

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Diogenes Duarte

Jornalista - DRT 986/MS - Servidor do Poder Judiciário do MS - Membro do Grupo AFAGAS.