Pó Mágico de Pirlim Pim Pim na adoção existe?

Não tenho o mesmo dom da escrita que algumas amigas do mundo adotivo, mas hoje venho escrever sobre a fábula do encantamento instantâneo que as pessoas acreditam que exista no primeiro encontro na adoção. Onde a criança vai ver os pais entrando pelo portão da instituição de abrigamento e irá (num passe de mágica) os reconhecer como seus pais e irá correndo aos seus braços, os chamando de Mamãe/Papai, em contra partida, os pais sentirão um encantamento instantâneo por aquela pequena criança e viverão felizes para sempre!!!!
PARE!!! PARE!!! PARE!!!
Adoção não é conto de fadas de Walt Disney!!!
Quando você é jovem e sonha em se casar, logo descobre que o casamento não é um mar de rosas, que terá dificuldades, lutas, paciência para ultrapassar os obstáculos que a vida ou o convívio irá impor. Então a realidade da adoção é idêntica, com a diferença que NÃO existe a porta do divórcio para a fuga! Existe ex-marido/esposa, mas NÃO existe ex-filho(a)!
A criança chegará marcada, desconfiada e logo nas primeiras semanas, irá começar a expor o que aprendeu na vida, seja a personalidade forte, desobediência, fazer artes, agressividade (física e verbal), irá falar palavrões, afinal, ninguém vai para o abrigo e depois para adoção porque tinha uma família de origem ótima, estruturada, amorosa, que só ensinaram coisas boas. Nestas primeiras fases, se os pais adotantes acreditam em encontro de almas e acham que o filho deve ser GRATO ou RECONHECER o grande ato de tê-lo adotado, o pó mágico vai ralo abaixo e a devolução é certa! Mas lembre-se, NÃO existe EX-FILHO!!!
Aos novos pais cabe ter a certeza que querem SER PAIS (isso antes de adotar), saber que esta fase é transitória e respirar fundo e partir para a luta da adaptação! Orientar, dialogar e fazê-lo ver que aquelas atitudes não são mais necessárias e que de agora adiante eles tem uma família que irá zelar por eles. Procurar ajuda psicológica, tanto para a criança, quanto aos próprios pais é fundamental. Outro fato que os pais por adoção devem se atinar, é a depressão pós-adoção, abrir mão de uma vida livre, sem grandes obrigações para outrem e passar a ter regras, normas, horários e cuidar de uma nova vida, é repleto de obstáculos e exaustivo nos primeiros meses. Nesta primeira fase, ter alguém de confiança para se abrir, ou até mesmo ter “uma folga” deixando a criança para poder ir ao cinema, ou jantar fora, é importante. Estas fases não duram dias, e sim meses! Até a criança aprender que não precisa mais ficar na defensiva, que na nova família o amor impera, junto com o dialogo, os pais necessitarão de muita paciência, preparo, união e apoio mútuo!
Contribuição de Mailise e Alyson Rocha

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Diogenes Duarte

Jornalista - DRT 986/MS - Servidor do Poder Judiciário do MS - Membro do Grupo AFAGAS.